::Vulcano Projeto SP Metal (1985)::



Eu não conhecia o som do Vulcano. Eu sabia que esta banda assim como uma outra chamada Santuário era originária da cidade de Santos. Eu sabia também que tratava-se de uma banda do tipo extrema e imaginava que o som era mais ou menos na linha do Korzus (não deixe de ler a nossa página do Korzus!). Naturalmente estava curioso. No dia do show os músicos chegaram meio calados, sinistros. Eu me comunicava apenas com o Zhema que, além de ser o lider da banda, era um tipo bem profissional e organizado e portanto, não dei muita atenção aos outros músicos.


Minha memória é meio vaga mas, lembro-me desta pessoa, antes do show, à meia luz, andando pelo palco. Ele era um tipo escuro, meio arcado, parecia corcunda, sem camisa e com grandes cicatrizes parecendo queimaduras pelo corpo. Carregava um saco nas costas, parecia que carregava ossos... coisa bem macabra. Nesta noite o teatro Lira Paulistana pela primeira vez estava com um clima bem carregado, pesado mesmo.

Quando a banda entrou no palco o guitarrista usava um traje vermelho com capuz parecendo um monge diabólico e o vocalista tinha o microfone preso num grande osso velho e amarelado parecendo um fêmur humano.

Curiosamente o instrumental da banda variava de Hard Rock com pitadas de Heavy Metal à Black Metal com o vocal gritado o tempo todo. Muito embora o som tivesse variação em estilo, ele foi brutal e extremo do começo ao fim do show. A guitarra foi bem pronunciada com distorções que se fundiam com microfonias intermináveis.

Eu confesso que fiquei mais preocupado foi com a possibilidade da presença surpresa da polícia. Até explicar de onde tinham aparecido aqueles ossos (se é que eram ossos humanos), eu como responsável pelo projeto já até podia imaginar ver o Sol nascendo quadrado.


Quando o show acabou, como responsável pelo projeto, tive que ficar no teatro até quando os músicos se retirassem. Estava na porta do teatro supervisionando a retirada do equipamento quando notei este rapaz jovem, de rosto meio gordinho e saudável, cabelos bem curtos e expressão relaxada. Ele não usava nenhum adereço de rock e mais parecia um músico de alguma banda pop. Saia tranquilo puxando um amplificador. Fiquei curioso e perguntei incrédulo se ele era o guitarrista da banda. Com um sorriso tranquilo ele confirmou. Eu então, fiquei sabendo que o nome dele era Hansen e ele era também o guitarrista da banda eletrônica santista Harry. Ele mostrou-se uma pessoa bem inteligente e esclarecida.

Explicou que a proposta da banda era simples. Ser a mais radical possível. "Se o público quer o demônio então damos o demônio!" foram suas últimas palavras...


Por A.Celso Barbieri

 
Formação:
Angel (Vocals)
Zhema (Bass)
Laudir Piloni(Drums)
Johnny Hansen (Guitar)

Musicas:
1. Fallen Angel
2. Witches' Sabbath
3. Prisioners from Beyond
4. Devil on My Roof
5. Ready to Explode
6. Drum solo
7. The Signals
8. Total Destruição




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